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  • Foto do escritorchagasecassar

O valor do trabalho

Nem sempre as coisas correm como o esperado na famigerada vida laboral; é preciso estar sempre preparado para os infortúnios e situações que possam colocar em risco aquela estabilidade que você tanto buscou, mesmo que tudo pareça uma injustiça daquelas, de dar inveja aos castigadores divinos mais cruéis. O combo morar fora + pandemia foi um dos grandes responsáveis pelas gigantescas turbulências que afligiram minha pacata vidinha esse ano, mas as desgraças também trouxeram lições e, depois de muitos limões caírem na minha cabeça, foi possível fazer uma limonada.


Este gigantesco nariz de cera (expressão cunhada na faculdade de jornalismo e traduzida popularmente como enrolation) marca meu retorno à escrita, depois de um período razoável de afastamento. Estou até me atentando às palavras mais difíceis e uso de crases para não cometer erros muito crassos ao longo do percurso. A distância do teclado não foi caso pensado: depois de aguardar seis longos meses pelo início de um trabalho que deveria começar em março, precisei cair na real, arregaçar as mangas e aceitar que era ululante conseguir dinheiro o mais breve possível, não importando a fonte.


Com o mindset adequado à nova realidade de dor e desespero que vivia, adentrei no vasto mundo dos bicos (aconselho não utilizar essa expressão em Portugal, já que aqui ela assume o delicado significado de sexo oral). Colher uvas em Viseu, vender aplicativos de comunicação interna a empresários no brasil, retomar a traumatizante carreira de operador de telemarketing (que até hoje atormenta meus sonhos), implorar para gringos comprarem peças de roupa em uma loja deserta e distribuir panfletos de uma loja recém-aberta de canabidiol na entrada do metrô, para desespero da população mais velhinha, horrorizada com a foto em alta definição de uma planta de cannabis verde e fustigante.


Nenhuma dessas atividades traz a tão sonhada independência financeira, como é evidente, mas funcionam como quebra-galhos honestos, enchendo o estômago que já estava cansado de roncar sem resposta (estou romantizando a fome, que fase). Como o custo de vida e das coisas é baixo por aqui, à exceto pelo aluguel, qualquer trocado pode ser crucial para uma mesa mais farta, um pulinho em alguma cidade da Europa e demais pequenos luxos consumistas a que estamos suscetíveis no dia a dia. Só não sobrou tempo para escrever, mas estou compensando o tempo perdido agora.


Texto do nosso querido Gabriel Cassar =)


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